domingo, 10 de maio de 2009

LIDAR COM O STRESS INFANTIL


E contudo, as crianças com dificuldades de aprendizagem podem aprender e progredir activamente. Há profissionais de sucesso que passaram, quando crianças, por este tipo de problemas. Se o problema for detectado precocemente, a ajuda pode ser maior ainda. Eis algumas das actuações dos pais, destinadas a evitar sentimentos de insucesso e de stress, aplicáveis, aliás, a outros problemas escolares:
- Apoiar com carinho e manifestações de afecto que compensem a autodesvalorização da criança. Dedicar-lhe tempo.
- Estimular e realçar os seus pontos fortes (p.e. desporto, jogos, aptidões e destrezas manuais, etc.), competências e interesses. Servir-se desses aspectos para compensar as suas limitações no âmbito escolar.
- Mostrar à criança que a aceitamos tal como é, e realçar o seu progresso noutras áreas, o seu desenvolvimento humano.
- Ter para com a criança expectativas e exigências realistas e que estejam ao seu alcance. Implicá-la em decisões sobre actividades da família, mostrando-lhe que é um membro “importante” da mesma, e que as suas opiniões são tidas em conta.
- Entusiasmá-la sempre, chamar-lhe a atenção para os sucessos no campo escolar, transmitir-lhe optimismo e confiança em superar as suas dificuldades.

COMO PREVENIR E ENFRENTAR O STRESS PROVOCADO PELO MEDO DO INSUCESSO
A ameaça de insucesso é o resultado da forma como o sujeito interpreta a situação. Por isso é que os procedimentos educativos se devem orientar no sentido de mudar esta interpretação, mas isso exige também mudanças nas circunstâncias do meio ambiente, pois se uma criança fracassa por não conseguir alcançar os requisitos de determinada tarefa, poucas possibilidades haverá de a convencer de que não fracassou de facto. Já Bandura estabelecia que a auto-eficácia se constrói, pelo que toca ao sujeito, a partir de duas fontes principais:
- A percepção do êxito. A forma mais infalível de conseguir que uma criança construa uma boa auto-eficácia é ajudá-la a ter sucesso nas tarefas que tem de realizar. A sensação de sucesso é cem por cento saudável.
- A persuasão verbal. Os educadores também influem na auto-eficácia da criança, pois com os seus comentários e apreciações mais ou menos explícitas, têm um impacto enorme no modo como a criança se vê a si mesma. Não é por acaso que a sabedoria popular nos apresenta as mães a dirigirem-se aos seus filhos mais pequenos nestes termos: “Que bom, que esperto e que lindo é o meu menino!”. Esta manifestação de apreço por parte dos pais é plenamente absorvida pela criança nestas primeiras idades.

Estratégias centradas nos educadores
Descrevemos, a seguir, algumas tácticas ao alcance de educadores, professores e pais destinadas a construir uma forte sensação de eficácia pessoal para combater a ansiedade face ao insucesso.
- Propor tarefas que estejam ao alcance da criança. Verificar se possui os requisitos necessários, pois se assim não for, a tarefa acabará por ser inatingível.
Paco, um miúdo de cinco anos, cheio de actividade e irrequieto, não teve sucesso na aprendizagem da leitura, por dificuldade em estar atento e sentado. No ano seguinte, os pais matricularam-no noutra escola onde, numa turma com poucos alunos, o professor adaptou os materiais à criança que, com procedimentos muito mais activos, aprendeu a ler sem problemas e evitou novo e previsível insucesso escolar.
- Graduar a dificuldade de forma a facilitar a consecução de sucessos intermédios mais acessíveis, e o completo domínio da tarefa.
A Ana, uma pequena deficiente mental de seis anos, ensinaram-lhe a vestir o pijama segundo a técnica da modelação, ou reprodução do modelo, que se baseia no graduar da dificuldade, de modo que, ao fim de duas semanas, já sabia despir-se apenas com uma ligeira ajuda, e estava muito orgulhosa do que tinha conseguido e convencida de que iria aprender mais ainda.
- Atribuir o sucesso a causas internas, por exemplo, dizendo à criança: “Vês como as coisas te saem bem quando te esforças!”.
- Atribuir o insucesso à falta de esforço, incentivando a criança a empenhar-se e a esforçar-se mais. Transmitir a ideia de que sempre se pode melhorar um resultado.
- Ter muito cuidado com os comentários depreciativos, que são sempre apercebidos e registados pela criança que os traduz como significando que ela não vale nada. Por exemplo: “Não há meio de fazeres isto bem”, ou então “tu não dás para fazer isto”. Dado que se deve estimular a criança, convém fazê-lo atribuindo, sempre, o insucesso ao pouco esforço ocasional, por exemplo: “Hoje não trabalhaste com empenho”.
- Procurar experiências de sucesso compensadoras noutras áreas diferentes, como por exemplo, em relações sociais, desenho, desporto ou ajuda nos trabalhos domésticos.
In O Stress na Infância

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