Trabalho criativo de Natalina Santos
No âmbito da disciplina de Psicologia B-12 R da Escola Secundária de Miraflores – Nov. 2007
A palavra resiliência vem do latim resilio, que significa voltar ao estado normal. O conceito de resiliência para as ciências humanas é:
“A capacidade de um indivíduo em possuir uma conduta sã num ambiente insano, ou seja, a capacidade do indivíduo sobrepor-se e construir-se positivamente frente ás adversidades”.
Este conceito vem da Física e explica a propriedade que alguns materiais têm de acumular energia quando submetidos a impacto ou a stress e voltar ao seu estado original sem deformação. O termo é aplicado ao comportamento humano permitindo mudanças nas atitudes e na qualidade de vida das pessoas perante o caos do dia-a-dia de prazos, pagamentos, pressões, muita tensão e stress acumulado.
Há mais de quarenta anos, a ciência tem-se interrogado sobre o facto de que certas pessoas têm a capacidade de superar as piores situações, enquanto outras ficam presas nas malhas da infelicidade e da angústia que se abateram sobre elas como uma camisa de forças. Por que certos indivíduos são capazes de se levantar após um grande trauma e outros permanecem no chamado fundo do poço, incapazes de, mesmo sabendo não ter mais forças para cavar, subir tomando como apoio as paredes desse poço e continuar seu caminho?
As experiências e estudos feitos têm mostrado algumas explicações científicas sobre esse facto. A biologia defende o ponto de vista de que cada ser humano é dotado de um potencial genético que o faz ser mais resistente que outros. A psicologia, por sua vez, dá realce e importância das relações familiares, sobretudo na infância, que construirá nesse individuo a capacidade de suportar certas crises e de superá-las. A sociologia faz referência à influência da cultura, das tradições como construtores dessa capacidade do individuo de suportar as adversidades. A teologia traz um argumento diferente pela própria subjectividade transcendente, uma outra visão da condição humana e da necessidade do sofrimento como factor de evolução espiritual: o célebre “dar a outra face”.
Mas foi o quotidiano das pessoas que passam por traumas, que atravessam o vale das sombras, o que realmente atraiu a curiosidade de cientistas de todo o mundo. Não são personagens de ficção que se erguem após a grande queda; são homens, mulheres, crianças, velhos, o individuo comum do mundo que retoma a sua vida após a morte de um filho, a perda de uma parte de seu corpo, a perda do emprego, doenças graves, físicas ou psíquicas, em si ou em alguém da família, razões suficientes para levar um individuo ao caos. Esses que são capazes de continuar uma vida de qualidade, sem auto-punições, sem resignação destruidora, que renascem dos escombros, esses são os seres resilientes.
Segundo Mater e Garmezy consideraram os seguintes factores como importantes no desenvolvimento da resiliência: orientação sosial positiva, auto-estima elevada, coesão familiar, preseça continua de adultos significantes e rede social de apoio bem defenida e actuante. Podemos identificar as seguintes caracteristicas nas crianças resilientes: sociabilidade, inteligência, competências de comunicaçâo, laços afectivos familiares fortes e sistemas sociais de suporte actuantes na familia, no bairro, na escola e na igreja.
Não se é resiliente sozinho, embora a resiliência seja íntima e pessoal. Um dos fatcores de maior importância é o apoio e o acolhimento, feito em geral por um outro individuo, é essencial para o salto qualitativo que se dá. A resiliência ganha hoje o seu espaço na pesquisa em ciências humanas, médicas, sociais, administrativas etc. A resiliência é, na verdade, o resultado de intervenções de apoio, de optimismo, de dedicação e amor. Uma pessoa resiliente não se abate facilmente, não culpa os outros pelos seus fracassos e usa sua energia para lutar. O fatalismo e o sentimento de vítima do destino passam longe destas pessoas. Pensamentos como tudo é difícil, não consigo mudar de rumo ou ninguém faz nada por mim, não fazem parte de suas vidas. Ao contrário, vão à luta para reverter situações indesejáveis a seu favor.
Carolyn Larkin, uma das mais famosas pesquisadoras da área de recursos humanos, classifica a resiliência como o terceiro atributo mais importante de um líder corporativo, atrás de “visão” e “energia”. “Mais do que qualquer outra habilidade da inteligência emocional, é a resiliência que vai determinar a felicidade e a longevidade de um relacionamento, de uma carreira e de uma vida”.
A norte-americana Diane Coutu, autora da pesquisa “Resiliência: para que serve?”, publicada na Harvard Business Review, tem uma definição ainda mais concisa. Para ela, a resiliência está ligada à capacidade de assimilar as situações com os pés no chão - sem optimismo exacerbado ou discursos derrotistas. “Muitos utilizam a negação como mecanismo de defesa. Enfrentar a realidade, ainda que isso seja doloroso, é tarefa para poucos”, escreve ela. Nas organizações, a falta de habilidade para lidar com os imprevistos de forma realista pode se tornar um problema de dimensões perigosas.
Todos nós podemos ser resilientes. A Resiliência não é um traço de carácter hereditário que possuímos ou deixamos de possuir. Trata-se de uma conquista pessoal. Não é à toa que a superação e o crescimento humano são potencializados em momentos de dificuldade. O ser humano precisa de enfrentar desafios para testar seus próprios limites.
Exemplo de resiliência: Ayrton Senna, pouca gente sabe que, no começo da carreira, o piloto tinha dificuldade em andar em pistas molhadas. Ele poderia simplesmente acomodar-se com a situação, mas não. Com um treino específico e muita persistência, ele superou a crise e transformou o problema no seu maior trunfo. A chuva tornou-se sinónimo de vitória para o piloto.
“Na hora do desespero, é imprescindível manter a cabeça no lugar, mesmo com o mundo desabando sobre nós.”
Bibliografia:
www.eses.pt
www.sbpcnet.org.br
www.bolsademulher.com
www.vadiando.comhttp://amanha.terra.com.br
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
RESILIÊNCIA
RESILIÊNCIA E SUCESSO:
Interacção entre factores ambientais,
comportamentais e pessoais
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