sexta-feira, 23 de novembro de 2007

A Socialização


Como temos estudado, só poderemos compreender verdadeiramente o ser humano e o seu comportamento, tendo em conta a dimensão social (e cultural) da sua existência. Assim, temos que destacar este facto: a nossa condição de seres humanos depende de outros importantes factores, para além da herança genética e biológica.

Lucien Malson, no seu livro "As Crianças Selvagens", diz-nos o seguinte:

"Será preciso admitir que os homens não são homens fora do ambiente social, visto que aquilo que consideramos ser próprio deles, como o riso ou o sorriso, jamais ilumina o rosto das crianças isoladas."

Depois de termos visto que as nossas emoções têm um papel extremamente importante nas decisões que tomamos, estando assim ultrapassada a ideia de que razão e emoção existem separadamente; considerando, portanto, que o nosso comportamento reflecte decisões tomadas com base nas emoções que sentimos, importa também ter em atenção que as nossas próprias emoções não são independentes do contexto social em que vivemos e onde nos desenvolvemos. Quer dizer, a sociedade (e todo o nosso processo de socialização) condiciona as nossas emoções.
Este é mais um importante aspecto a considerar relativamente ao ser humano: ele possui o que podemos designar como "um cérebro social".

É esse interessante e inegável facto que nos é apresentado nesta pequena entrevista:




O Neurónio


Para o estudo do cérebro, é importante compreender diversos aspectos já estudados por nós e que o caracterizam. Por exemplo, o seu papel central no contexto do sistema nervoso. Por outro lado, sabemos que este é constituído por células que podem ser principalmente de dois tipos: neurónios e células gliais.
Os neurónios são células nervosas e responsáveis por grande parte das funções do sistema nervoso.
Os neurónios apresentam uma característica muito particular: não mantêm contactos físicos entre si. Como se processa, então, a transmissão da informação entre eles? Como já estudámos também, a sinapse e os neurotransmissores intervêm nesse processo de comunicação.
É possível rever e aprofundar o sub-tema relativo à actividade da rede neuronal, assistindo a este pequeno video que aqui fica disponível.

Como funcionam, afinal, os neurónios?




quarta-feira, 21 de novembro de 2007

TESTE FORMATIVO DO TEMA: "EU COM OS OUTROS"


Teste Formativo do Tema 2 – Eu com os Outros – Nov. 07


Grupo I

1) A vinculação é:
a. A satisfação das necessidades fisiológicas que asseguram a sobrevivência;
b. A necessidade de criar e manter relações de proximidade e afectividade;
c. O laço afectivo e psicológico desenvolvido entre os bebés;
d. A influência que o bebé exerce sobre as emoções dos progenitores.

2) Analisa as seguintes afirmações sobre o conceito de vinculação. Selecciona, depois, a alternativa correcta:
1. Desde muito cedo o bebé discrimina e hierarquiza diversas figuras de vinculação;
2. O choro sinaliza uma relação de vinculação frágil, enquanto o sorriso dá conta de vínculos consolidados;
3. Agarrar e gatinhar são comportamentos activos de vinculação;
a. 1 e 3 são falsas; 2 é verdadeira.
b. 2 e 3 são falsas; 1 é verdadeira.
c. 2 é falsa; 1 e 3 são verdadeiras.
d. 3 é falsa; 1 e 2 são verdadeiras.

3) Na base da formação das primeiras impressões está o modo como percepcionamos o outro através de:
a. Indícios físicos; indícios verbais e não verbais; indícios comportamentais;
b. Indícios físicos; comportamentais; indícios sociais; verbais e intelectuais;
c. Indícios físicos; indícios emocionais; indícios socioeconómicos; indícios verbais;
d. Indícios interpessoais; indícios comportamentais e sociais; indícios não verbais.

4) Pode definir-se uma atitude como:
a. Um comportamento mais ou menos estável para responder aos desafios sociais de modo positivo ou negativo;
b. Uma predisposição mais ou menos estável para se comportar de determinada maneira, face a um objecto social;
c. O processamento de toda a informação social relativa ao mundo social em que estamos inseridos;
d. Conjunto de comportamentos construídos ao longo da vida e que se mantêm estáveis face aos objectos sociais.

5) Analisa as afirmações que se seguem sobre representações sociais. Selecciona, depois, a alternativa correcta.
1. Conjunto de explicações, crenças e ideias partilhadas e aceites colectivamente numa determinada sociedade;
2. Conjunto de explicações, crenças e ideias indispensáveis nas relações humanas e na comunicação e compreensão social;
3. Conjunto de processos produzidos pelas instituições sociais para receber, identificar e transformar as informações e crenças;
4. Reagrupamento de ideias, de imagens, de diferenças étnicas e políticas e de concepções comportamentais.
a. 1. e 3 são verdadeiras; 2. e 4. são falsas;
b. 1. e 4 são verdadeiras; 2. e 3. são falsas;
c. 1. e 2. são verdadeiras; 3. e 4. são falsas;
d. 1. e 2. são falsas; 3. e 4. são verdadeiras.

6) A influência social manifesta-se em três grandes processos:
a. Objectivação, obediência e conformismo;
b. Normalização, conformismo e obediência;
c. Aculturação, inconformismo e obediência;
d. Normalização, conformismo e ancoragem.

7) As normas sociais permitem:
a. Induzir a variação dos comportamentos;
b. Manifestar o inconformismo dos outros;
c. Apresentar valores alternativos;
d. Prever o comportamento dos outros.

8) A obediência é um processo de influência grupal que ocorre quando o sujeito:
a. É muito pressionado pelo grupo que quer atingir um objectivo específico;
b. Acata as ordens de uma figura de autoridade, não se sentindo responsável;
c. Aceita as ordens do líder para manter a coesão do grupo;
d. Acata as ordens de uma figura de autoridade assumindo a liderança.

9) A atracção interpessoal revela-se:
a. Na preferência por pessoas que têm o mesmo interesse por nós;
b. Na preferência por determinadas pessoas com quem gostamos de estar;
c. Na avaliação cognitiva que fazemos de determinadas pessoas;
d. No comportamento sociocultural de determinadas pessoas nos grupos.


10) Os estereótipos resultam de generalizações sobre as características dos outros. Esta afirmação é:
a. Verdadeira: os estereótipos resultam de generalizações acerca do comportamento dos grupos sociais.
b. Falsa: os estereótipos organizam a identidade individual e não o comportamento dos outros.
c. Verdadeira: os estereótipos atribuem aos membros de um grupo as mesmas características comportamentais.
d. Falsa: os estereótipos resultam de diferenciações sobre as características dos outros.

11) Os preconceitos são atitudes:
a. Infundadas que provocam diferenciações sociais.
b. Justificadas pelas diferenças socioeconómicas.
c. Apoiadas por processos cognitivos fundamentados.
d. Provadas por conhecimentos científicos.

12) A discriminação é o comportamento que decorre
a. da crença.
b. do preconceito.
c. do conformismo.
d. da obediência.

13) O conformismo pode ser descrito como:
a. A mudança comportamental para satisfazer ordens;
b. Uma mudança comportamental para obedecer a outrem, satisfazendo as expectativas sociais;
c. Uma mudança comportamental mais frequente nos grupos coesos, que se traduz numa aceitação pública de normas, de atitudes e de opiniões do grupo a que se pertence, satisfazendo as expectativas deste;
d. Uma mudança comportamental necessária e de acordo com o sistema de estatutos e papéis da sociedade.



Grupo II



1. A mãe, ou quem a substitui, desempenha um papel crucial nos primeiros tempos de vida do bebé. Justifique a afirmação.
2. Refira qual a importância de que se revestem os primeiros encontros entre as pessoas.
3. Diversos investigadores contribuíram para o desenvolvimento da teoria da vinculação. Apresente as conclusões pioneiras de René Spitz.
4. Justifique quais são os factores decisivos para a conformidade.
5. Porque é que as relações interpessoais se revestem de aspectos atractivos e intimistas ou agressivos e de afastamento?



Grupo III



“Os comportamentos e atitudes intergrupais por parte dos membros de cada grupo exprimem, no fundo, os interesses objectivos, do seu próprio grupo naquela situação. Sempre que esses interesses forem divergentes, mas os grupos precisarem de estar em relação um com o outro para os atingir, ou quando os interesses forem convergentes, mas os recursos limitados, não permitindo senão que um grupo os atinja, podemos esperar que se desenhe um conflito traduzido em comportamentos e atitudes competitivas que podem atingir formas elevadas de hostilidade e até de agressão”
Vala, J., citado in Ser Humano, Porto Editora, 2006, p. 195

· Comenta o texto, mobilizando os conhecimentos que adquiriste ao longo do tema Eu e os Outros.


Bom trabalho!

INTELIGÊNCIA ANIMAL

INTELIGÊNCIA ANIMAL
Trabalho criativo de Dália Fernandes. No âmbito da disciplina de Psicologia B-12 R da Escola Secundária de Miraflores – Nov. 2007

Um dos maiores absurdos ensinados às crianças é o conceito de animal “irracional”, que reduz os animais a criaturas sem memória, sem cultura, sem capacidade de aprender. Simples bestas sem mente cujo único propósito é servir e alimentar à raça humana. Todos os anos, biólogos do mundo inteiro divulgam pesquisas que contestam a tese, e sugerem que os animais são dotados de capacidades ainda que rudimentares, de adquirir e também de transmitir conhecimento. Nem é preciso ir muito longe, qualquer um que tem um cachorro ou um gato sabe da capacidade dos animais de interpretar estímulos verbais, físicos e até mesmo "meta-físicos", como por exemplo saber com minutos de antecedência que o dono está chegando em casa. Esses comportamentos vão muito além do simples condicionamento, e são no mínimo um diferente tipo de inteligência.

Os macacos-prego são conhecidos pela sua capacidade de aprender a usar ferramentas - como pedras - para abrir cocos. Testes da capacidade intelectual dos chimpanzés mostram que eles são capazes não só de aprender palavras mas também organizá-las em frases de até quatro palavras. Polvos são capazes de memorizar caminhos em labirintos, abrir potes, quebrar garrafas de vidro para obter seu conteúdo, entre outros. A sua percepção sensorial é tão avançada que em diversos países como os EUA, é proibido realizar experiências com os moluscos sem a aplicação de anestesia.

Focas ensinam os filhotes a abrir mexilhões utilizando pedras.
Golfinhos emitem sons específicos quando encontram com seus “conhecidos”, o que sugere que eles têm a capacidade de dar e atender por nomes. Abelhas e formigas transmitem com precisão a localização de comida aos outros membros de sua colónia. Protegem com voracidade os seus pares e sabem distinguir aqueles que pertencem a outras comunidades. Porcos e vacas choram ao ir para o matadouro ou quando ouvem um de seus companheiros ser sacrificado. Os cépticos argumentam que esses comportamentos são puramente instintivos e que aquilo que os biólogos começam a chamar de inteligência e cultura animais não passam de equívocos irrelevantes insistindo numa posição inferior dos animais no planeta.
É comum associar-se o nível de inteligência de um animal ao tamanho do seu encéfalo. Partindo deste pressuposto, comparando o peso médio do encéfalo de um golfinho (1,7 kg) com o de um ser humano (1,5 kg), que ilações podem ser retiradas?
A questão do tamanho do encéfalo tem levantado alguma controvérsia. O encéfalo dos golfinhos é assombroso, pesando tanto ou mais do que o encéfalo humano, ao qual se assemelha pelos seus sulcos e circunvoluções abundantes. Contudo, muitos cientistas defendem que esta questão não deve ser tratada de uma forma linear, já que se olharmos para a proporção entre massa encefálica e massa corporal, outros números aparecem: 1,17% para os golfinhos e 2,10% para os seres humanos. Isto quererá dizer que estes cetáceos não serão tão inteligentes como os seres humanos, pois as suas grandes dimensões corporais traduzem-se na necessidade de uma massa encefálica maior.
Segundo dados actuais, a massa colossal do encéfalo dos golfinhos estará ligada a mecanismos adaptativos extremamente complexos, sobretudo relativos ao aparelho de identificação e eco-localização. Com efeito, emitindo impulsos ultrasónicos que embatem em objectos (peixes, outros golfinhos ou qualquer obstáculo) e captando os sons devolvidos, o golfinho é capaz de interpretar estes ecos como se de imagens se tratassem, determinando o tipo de objectos e a que distância se encontram.
Relativamente ao cerebelo (área do encéfalo responsável pela coordenação e equilíbrio), ele encontra-se mais desenvolvido nos golfinhos do que no Homem. Todavia, este facto não é de estranhar se observarmos o espantoso controlo dos movimentos corporais destes mamíferos marinhos durante as suas complexas manobras de salto e de "natação sincronizada".
Uma das áreas que mais investigação tem suscitado é a da comunicação neste grupo de cetáceos, pois a capacidade de utilização de uma linguagem é uma das principais componentes da inteligência. No entanto, ainda está longe o momento, se é que algum dia ele chegará, de decifrar o complexo esquema de assobios, cliks e gemidos que os golfinhos utilizam para comunicarem entre si. Mas na verdade, a maior parte das espécies animais são capazes de comunicar, de uma ou outra forma, utilizando linguagens mais ou menos complexas.
Embora não existam ainda muitas certezas, os intensos trabalhos de investigação desenvolvidos ao longo dos últimos anos confirmam aquilo de que há muito se suspeitava: os golfinhos são realmente animais extremamente inteligentes, ocupando uma das posições mais elevadas na escala animal de inteligência.

Fontes
http://www.naturlink.pt/canais/Artigo.asp?iArtigo=2032&iLingua=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Intelig%C3%AAncia

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Teste sumativo de Psicologia B (12ºano)

Este teste foi realizado em 06/11/07 (Módulo 1)

O teste é aqui disponibilizado para efeitos de revisão dos conteúdos por parte dos alunos da minha turma de Psicologia B do 12º ano. Pode, no entanto, ser igualmente muito útil para todos os alunos em regime não presencial, considerando a época de exames a realizar em Janeiro próximo.

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Escola Secundária Fernando Lopes Graça
Teste Sumativo de Psicologia B
Ano lectivo 2007/2008

Ano: 12ºano
Turma: 1ª
Prof.ª: Ana Paula
Data: 06/11/07

Grupo I

Texto 1 - "Em Fevereiro de 2001 foi apresentado o primeiro rascunho do genoma humano, que entretanto foi substítuído por versões cada vez mais completas. Em Abril de 2003 terminou a primeira etapa do Projecto do Genoma Humano. Mais de 99% dos 2,9 biliões de pares de bases que constituem o genoma humano foram sequenciados."
Texto retirado do manual de Psicologia B, 12º ano, Porto Editora


1 - Indique os componentes e a estrutura do ADN.
-------------------------- 20 pontos

2 - Considerando o que estudou acerca de cromossomas e genes, explique sucintamente o processo da meiose.
-------------------------- 20 pontos

3 - Defina genótipo e fenótipo.
-------------------------- 20 pontos

4 - Mostre que a teoria da epigénese contraria a perspectiva do preformismo.
-------------------------- 20 pontos

5 - Defina neurónio.
-------------------------- 20 pontos

6 - Explique sucintamente o que é uma sinapse, elucidando o papel nela desempenhado pelos neurotransmissores.
-------------------------- 20 pontos



Grupo II

Texto 2 - " O encéfalo humano apresenta-se-nos como um gigantesco conjunto de dezenas de milhares de milhões de "teias de aranha" neuronais enredadas umas nas outras e nas quais "crepitam" e se propagam miríades de impulsos eléctricos substituídos aqui e acolá por uma rica paleta de estímulos químicos."
Changeux, J.-P., O Homem Neuronal


1 - A noção de inacabamento do ser humano e o conceito de neotenia são contributos de Stephen Jay Gould para a compreensão do desenvolvimento humano.
Em que sentido a sua perspectiva se opõe à de Haeckel com a sua Lei da Recapitulação?
--------------------------- 40 pontos

2 - Explique como se conjuga a actividade dos três tipos de neurónios que estudou, assim como as suas respectivas funções.
--------------------------- 40 pontos

Total ----------------------- 200 pontos


segunda-feira, 19 de novembro de 2007

RESILIÊNCIA

RESILIÊNCIA E SUCESSO:
Interacção entre factores ambientais,
comportamentais e pessoais

Trabalho criativo de Natalina Santos
No âmbito da disciplina de Psicologia B-12 R da Escola Secundária de Miraflores – Nov. 2007


A palavra resiliência vem do latim resilio, que significa voltar ao estado normal. O conceito de resiliência para as ciências humanas é:

“A capacidade de um indivíduo em possuir uma conduta sã num ambiente insano, ou seja, a capacidade do indivíduo sobrepor-se e construir-se positivamente frente ás adversidades”.

Este conceito vem da Física e explica a propriedade que alguns materiais têm de acumular energia quando submetidos a impacto ou a stress e voltar ao seu estado original sem deformação. O termo é aplicado ao comportamento humano permitindo mudanças nas atitudes e na qualidade de vida das pessoas perante o caos do dia-a-dia de prazos, pagamentos, pressões, muita tensão e stress acumulado.
Há mais de quarenta anos, a ciência tem-se interrogado sobre o facto de que certas pessoas têm a capacidade de superar as piores situações, enquanto outras ficam presas nas malhas da infelicidade e da angústia que se abateram sobre elas como uma camisa de forças. Por que certos indivíduos são capazes de se levantar após um grande trauma e outros permanecem no chamado fundo do poço, incapazes de, mesmo sabendo não ter mais forças para cavar, subir tomando como apoio as paredes desse poço e continuar seu caminho?
As experiências e estudos feitos têm mostrado algumas explicações científicas sobre esse facto. A biologia defende o ponto de vista de que cada ser humano é dotado de um potencial genético que o faz ser mais resistente que outros. A psicologia, por sua vez, dá realce e importância das relações familiares, sobretudo na infância, que construirá nesse individuo a capacidade de suportar certas crises e de superá-las. A sociologia faz referência à influência da cultura, das tradições como construtores dessa capacidade do individuo de suportar as adversidades. A teologia traz um argumento diferente pela própria subjectividade transcendente, uma outra visão da condição humana e da necessidade do sofrimento como factor de evolução espiritual: o célebre “dar a outra face”.
Mas foi o quotidiano das pessoas que passam por traumas, que atravessam o vale das sombras, o que realmente atraiu a curiosidade de cientistas de todo o mundo. Não são personagens de ficção que se erguem após a grande queda; são homens, mulheres, crianças, velhos, o individuo comum do mundo que retoma a sua vida após a morte de um filho, a perda de uma parte de seu corpo, a perda do emprego, doenças graves, físicas ou psíquicas, em si ou em alguém da família, razões suficientes para levar um individuo ao caos. Esses que são capazes de continuar uma vida de qualidade, sem auto-punições, sem resignação destruidora, que renascem dos escombros, esses são os seres resilientes.
Segundo Mater e Garmezy consideraram os seguintes factores como importantes no desenvolvimento da resiliência: orientação sosial positiva, auto-estima elevada, coesão familiar, preseça continua de adultos significantes e rede social de apoio bem defenida e actuante. Podemos identificar as seguintes caracteristicas nas crianças resilientes: sociabilidade, inteligência, competências de comunicaçâo, laços afectivos familiares fortes e sistemas sociais de suporte actuantes na familia, no bairro, na escola e na igreja.
Não se é resiliente sozinho, embora a resiliência seja íntima e pessoal. Um dos fatcores de maior importância é o apoio e o acolhimento, feito em geral por um outro individuo, é essencial para o salto qualitativo que se dá. A resiliência ganha hoje o seu espaço na pesquisa em ciências humanas, médicas, sociais, administrativas etc. A resiliência é, na verdade, o resultado de intervenções de apoio, de optimismo, de dedicação e amor. Uma pessoa resiliente não se abate facilmente, não culpa os outros pelos seus fracassos e usa sua energia para lutar. O fatalismo e o sentimento de vítima do destino passam longe destas pessoas. Pensamentos como tudo é difícil, não consigo mudar de rumo ou ninguém faz nada por mim, não fazem parte de suas vidas. Ao contrário, vão à luta para reverter situações indesejáveis a seu favor.
Carolyn Larkin, uma das mais famosas pesquisadoras da área de recursos humanos, classifica a resiliência como o terceiro atributo mais importante de um líder corporativo, atrás de “visão” e “energia”. “Mais do que qualquer outra habilidade da inteligência emocional, é a resiliência que vai determinar a felicidade e a longevidade de um relacionamento, de uma carreira e de uma vida”.
A norte-americana Diane Coutu, autora da pesquisa “Resiliência: para que serve?”, publicada na Harvard Business Review, tem uma definição ainda mais concisa. Para ela, a resiliência está ligada à capacidade de assimilar as situações com os pés no chão - sem optimismo exacerbado ou discursos derrotistas. “Muitos utilizam a negação como mecanismo de defesa. Enfrentar a realidade, ainda que isso seja doloroso, é tarefa para poucos”, escreve ela. Nas organizações, a falta de habilidade para lidar com os imprevistos de forma realista pode se tornar um problema de dimensões perigosas.
Todos nós podemos ser resilientes. A Resiliência não é um traço de carácter hereditário que possuímos ou deixamos de possuir. Trata-se de uma conquista pessoal. Não é à toa que a superação e o crescimento humano são potencializados em momentos de dificuldade. O ser humano precisa de enfrentar desafios para testar seus próprios limites.
Exemplo de resiliência: Ayrton Senna, pouca gente sabe que, no começo da carreira, o piloto tinha dificuldade em andar em pistas molhadas. Ele poderia simplesmente acomodar-se com a situação, mas não. Com um treino específico e muita persistência, ele superou a crise e transformou o problema no seu maior trunfo. A chuva tornou-se sinónimo de vitória para o piloto.
“Na hora do desespero, é imprescindível manter a cabeça no lugar, mesmo com o mundo desabando sobre nós.”

Bibliografia:
www.eses.pt
www.sbpcnet.org.br
www.bolsademulher.com
www.vadiando.comhttp://amanha.terra.com.br



Relatório da aula de Psicologia de 2007-11-15
Elaborado por Francisco de Azevedo, 12 R - Escola Sec. Miraflores

A turma iniciou os exercícios escritos do projecto de aula número catorze (14) correspondente ao objectivo número cinco (5) do tema três (3)designando-se por “Eu com os Outros” e tendo como sub-tema “As Relações Precoces e Interpessoais” (consubstanciada com a resposta às perguntas abaixo enunciadas):

1- Como é que influenciamos os outros?
Uma vez que vivemos em sociedade, estamos inseridos em diferentes grupos sociais, a influência que os elementos que o compõem exercem uns sobre os outros, designa-se por integração grupal pois é a base da influência mutua que os membros de um grupo exercem entre si, os comportamentos, pensamentos e sentimentos podem ser afectados pelos grupos.
A influência social é um processo pelo qual as pessoas modificam e afectam pensamentos, emoções e comportamentos de outras pessoas, podendo ser, ou não, intenciconal e deliberado.
Esta influência manifesta-se em três processos:
· Normalização que é a elaboração de normas dos elementos de um grupo, quando não existem de forma explícita. As normas são fundamentais no que respeita à socialização, reflectem o que é socialmente desejável numa certa cultura orientando o comportamento. As normas apresentam-nos modelos que são partilhados pelos grupos sociais, o que nos permite prever o comportamento dos outros. Traduzem, igualmente, o conjunto de valores e atitudes constituindo assim um factor de coesão grupal.
· Conformismo que se designa por uma forma de influência social que resulta do facto de uma pessoa mudar o seu comportamento ou atitudes por efeito da pressão do grupo. O respeito pelas normas é uma manifestação de conformismo, sendo condição de sobrevivência dos proprios grupos.
Há factores que podem favorecer um comportamento conformisma: a unanimidade do grupo, a natureza da resposta, a dualidade da situação, a importância do grupo e a auto-estima.
· Obediência que se entende por ser uma manifestação da influência grupal que ocorre quando as pessoas não se sentem responsáveis pelas acçôes que cometem sob ordens de uma figura de autoridade.
Tal como no Conformismo, também na Obediência há factores que podem favorecer este comportamento, sendo elas: a proximidade com a figura de autoridade, a sua legitimidade, a proximidade da vítima e a pressão do grupo.

2- Porque é que nos conformamos a determinadas situações?
Porque nas nossas experiências pessoais, já vivemos situações, por vezes desagradáveis, em que concluímos que não emitimos a nossa opinião pessoal sobre um assunto ou esclarecimento, este processo designa-se por Conformismo.
O Conformismo é uma forma de influência social que resulta do facto de uma pessoa mudar o seu comportamento ou atitude em função do grupo em que se insere.

3- Em que circuntâncias a presença dos outros ajuda ou impede determinado comportamento?
Quando a motivação de um grupo para chegar a um consenso é tão forte que os elementos que o constituem perdem a capacidade crítica, impedindo de tomar iniciativa.
A pressão subtil para o Conformismo desencoraja os pontos de vista da minoria a serem apresentados perante a presença de outros, ou seja, os membros do grupo conformam-se com o ponto de vista da maioria.

4- Até que ponto conformar-se ou ser obediente pode ser benéfico?
A Obediência acontece quando as pessoas não se sentem responsáveis pelas acções que levam a cabo, sob ordens de uma figura de autoridade, consideram que esta se responsabiliza pelas consequências dos seus actos. As pessoas são influênciadas a comportarem-se de determinado modo através da aceitação de ordens que se sentem na obrigação de cumprir.

5- Poderá o inconformismo conduzir à inovação?
O Inconformismo é a adopção de concepções, atitudes e comportamentos que não respondem às expectativas do grupo. As pessoas que adoptam comportamentos comportamentos incorformistas são objecto de crítica, o que pode levar à marginalização.
Para que uma minoria influencie a maioria, é fundamental ter ideias claras, consistentes e firmes para resistirem às pressões para o conformismo. Se assim o fizerem, geralmente, estes comportamentos inovadores, acabam por ser integrados pelo sistema social.

domingo, 18 de novembro de 2007

Protocolo para estruturação final do "Portfolio"


Protocolo para a estruturação/apresentação final do Portfolio de Psicologia B 12 R - Escola Sec. Miraflores - 1.º período - 2007/08

O Portfolio conterá as seguintes secções, organizadas da forma que se segue:

1. Documentos estruturadores do Portfolio:

a. Capa personalizada
b. Ficha de avaliação de competências obrigatória e devidamente preenchida pelo(a) aluno(a)
c. Critérios de avaliação/constituição do Portfolio da disciplina de Psicologia B, 12.º
d. Planificação a Longo Prazo
e. Ficha de itinerário
f. Guião para a estruturação/apresentação final do Portfolio

2. Projectos de aula
3. Mapas conceptuais
4. Testes
5. Trabalho criativo
6. Anexos: com os restantes materiais que o aluno julgar útil apresentar.


Nota: A grafia da palavra Portfolio é a que se apresenta neste guião, sempre em itálico ou entre aspas.

Processos de relação entre os indivíduos e os grupos


Relatório da aula de Psicologia de 2007-11-16

Elaborado por Maria Antónia Dias 12 R - Escola Sec. Miraflores


Esclarecimento de dúvidas, no que concerne ao projecto 15, sobre a agressão.
Foram apresentados os conceitos de Freud; Lorenz; Dollard e Bandura.
Debate sobre conflito nas relações de amizade e do amor.
Abordagem sobre preconceitos raciais, nomeadamente do comportamento Hitleriano.


Projecto 15 (Objectivo 6)

1. Com é que nos relacionamos com os outros e com os diferentes grupos sociais?
2. Porque é que as relações interpessoais se revestem de aspectos atractivos e intimistas ou agressivos e de afastamento?

1 – As relações que se estabelecem entre os membros de um grupo são processos interpessoais (Interacção) que ocorrem entre os mesmos e que são marcados por:
Relações entre o indivíduo com os outros/proximidade:
- Atracção Interpessoal
- Agressão
- Intimidade

Relações do indivíduo com diferentes grupos sociais, grupos a que não pertencemos:
- Estereótipo
- Preconceitos
- Conflito/Cooperação
2.

Atracção Interpessoal – é a avaliação cognitiva e afectiva que fazemos dos outros e que nos leva a procurar a sua companhia. Manifesta-se pela preferência que temos por determinadas pessoas que nos leva a gostar de estar com elas e a partilhar confortavelmente a sua presença.
Factores que influenciam a atracção:

- Proximidade
- Atracção Física
- Semelhanças Interpessoais
- Complementaridade
- Reciprocidade
- Admiração
- Respeito
- Aceitação
- Estima
- Gratidão

Agressão – é um comportamento que visa causar danos físicos ou psicológicos a uma ou mais pessoas e que reflecte a intenção de destruir.
Habitualmente, distinguem-se dois tipos de agressão quanto à intenção do sujeito:
- Agressão Hostil
- Agressão Instrumental

Agressão Hostil – é um tipo de agressão emocional e geralmente impulsiva. É um comportamento que visa causar danos ao outro, independentemente de qualquer vantagem que o sujeito agressor possa obter.

Agressão Instrumental – é um tipo de agressão que visa um objectivo, que tem por fim conseguir algo independente do dano que possa causar. É frequentemente, planeada e, portanto, não impulsiva.
Distinguiremos agressão quanto ao alvo e quanto à forma de expressão.

Quanto ao alvo:

Agressão directa – o comportamento agressivo dirige-se à pessoa ou ao objecto que justifica a agressão.
Agressão deslocada – o sujeito dirige a agressão a um alvo que não é responsável pela causa que lhe deu origem.
Auto-agressão – o sujeito desloca a agressão para si próprio.

Quanto à forma de expressão:

Agressão aberta – pode manifestar-se pela violência física ou psicológica, é explícita, isto é, concretiza-se em espancamentos, ataques à auto-estima, humilhações.
Agressão dissimulada – este tipo de agressão recorre a meios não abertos, tais como o sarcasmo e o cinismo que visam provocar o outro, feri-lo na sua auto-estima, gerando ansiedade.
Agressão inibida – o sujeito manifesta agressão para com o outro, mas dirige-se contra si próprio. O sentimento de rancor é um exemplo desta forma de expressão de agressão.

Factores para comportamentos agressivos: frustração, competição, sofrimento, violação de normas, cólera, personalidade, estímulos violentos, cultura

Para explicar a origem da agressão há várias teorias que procuram identificar as causas dos comportamentos agressivos.

A concepção de Freud – a agressão teria origem numa pulsão inata, a pulsão da morte, disposição institiva, primitiva (e inconsciente) do ser humano.
A concepção de Dollard – a agressão é provocada pela frustação.
A concepção de Lorenz – a agressão estaria programada genéticamente sendo desencadeada em determinadas situações.

Intimidade – as relações de intimidade são um tipo particular de interacção social que se manifestam em diferentes níveis relativamente às diferentes pessoas com que nos relacionamos. A possibilidade de se manterem relações de intimidade varia também de pessoas para pessoa, estando ligada à história pessoal, à personalidade e à experiência de vida de cada um. A intimidade implica comunicação que se pode manifestar de diversas formas, tais como, interacções verbais e interacções não verbais. É o contacto social que condiciona através das convenções sociais, as relações de intimidade e as suas expressões.
A amizade é uma das manifestações de intimidade que envolve relações em que estão presentes elementos como a confiança, cooperação, lealdade, etc
O amor – quando se fala de amor há que distinguir a que tipo de amor nos referimos:
O amor companheiro, (relações com pais, filhos, avós, familiares, amigos íntimos) e o amor apaixonado que se caracteriza também pelo desenvolvimento sexual.

Estereótipos – são crenças que dão uma imagem simplificada das características de um grupo ou de membros de um grupo. Têm uma função socioafectiva, porque dão um sentimento de identidade ao grupo que os partilha. Reforçam o sentimento de “nós” por oposição a outros. Os estereotipos aprendidos no decurso da socialização, correspondem a um processo de categorização social, tendo por função simplificar a interpretação do real.

Preconceitos – são atitudes que envolvem um pré-juízo, um pré-julgamento, na maior parte das vezes negativo, relativamente a pessoas ou grupos sociais. Os preconceitos tal como os estereótipos, aprendem-se no processo de socialização nos grupos a que se pertence, família, comunicação social, etc.
Nos preconceitos predominam a função socioafectiva, assumindo, frequentemente posições radicais contra grupos sociais, na sua expressão mais activa podem conduzir a actos de discriminação.
A discriminação – é o comportamento que decorre do preconceito, no limite pode conduzir à eliminação física do objecto de discriminação. Na base da discriminação está o preconceito que a fundamenta:
- Racial, sexista, religioso, étnico, etc.

Conflito/Cooperação

O conflito é uma tensão que envolve pessoas ou grupos quando existem tendências ou interesses incompatíveis, ocorre em relações próximas e ou independentes em que existe um estado de insatisfação entre as partes.
Sem omitir os aspectos negativos, actualmente considera-se o conflito como um factor de mudança e desenvolvimento social, dado que a vivência e a ultrapassagem dos conflitos respondem a processos de desenvolvimento pessoal e grupal, depois de ultrapassados os conflitos, favorecem respostas mais adaptadas.
Assim, conflito e cooperação são elementos integrantes a que se recorre para mediação e negociação para ultrapassar as diferenças conflituais.
Actualmente, a psicologia encara o conflito numa perspectiva positiva, contrariando a perspectiva pessimista e negativa que dominava.

As Relações Interpessoais


Relatório de Aula (12/11/07)
Realizado por: Natalina Santos – 12 R - Escola Sec. Miraflores
Durante a aula resolvemos o projecto 13 (objectivo 4) que continha as seguintes questões: 1. O que são processos de cognição social? 2. De que forma estes processos nos permitem ler o mundo e relacionarmo-nos com ele? 3. Que processos medeiam a nossa relação com o mundo social? e 4. Seremos nós construtores das realidades?. No final, alguns dos alunos disseram aquilo que encontraram em relação às questões que nos foram propostas pelo professor. ?
Após este debate, chegou-se à conclusão que a cognição social é um conjunto de processos que estão na base da maneira como encaramos os outros e a nós próprios. Procura conhecer os factores que influenciam e afectam a forma como interagimos com os outros.
- Esses processos permitem-nos ter uma capacidade limitada da informação relativa ao mundo social, recorremos a esquemas que reapresentam o nosso conhecimento sobre nós, sobre os outros e sobre os nossos papéis no mundo social. É a partir desses esquemas, dessa forma específica de conhecimento que processamos a informação sobre o mundo social e que formamos opiniões sobre nós e sobre os outros.
- Os processos são as impressões, as expectativas, as atitudes e as representações sociais.
As impressões são um termo que usamos com muita frequência após conhecermos uma pessoa. No primeiro contacto que temos com alguém que não conhecemos, construímos uma imagem, uma ideia sobre essa pessoa a partir de algumas características, de alguns indícios que aprendemos no primeiro encontro. Seleccionamos alguns aspectos que consideramos mais significativos, naquele momento e naquela situação sendo o que nos leva a avaliar a pessoa. Procedemos a um processo de categorização, quer dizer, reagrupamos os objectos, as pessoas, as situações em diferentes classes a partir do que consideramos serem as suas diferenças e semelhanças. É a partir dos indícios físicos, verbais, não-verbais e comportamentais, que formamos uma impressão global de uma pessoa, a quem atribuímos uma categoria socioeconómica e cultural, um determinado estatuto. As impressões levam-nos à categorização que é um processo de simplificação, conservação do que é aprendido, retendo de uma pessoa os indícios que consideramos mais pertinentes. A categorização, porém, apresenta alguns perigos, designadamente, a generalização, informações insuficientes e desadequadas, avaliações precipitadas, impedimento de relações sociais.
- As expectativas são modos de categorizar as pessoas através dos indícios e de informações, prevendo o seu comportamento e as suas atitudes. As expectativas afectam o modo como os outros interagem connosco, influenciando, por sua vez, a nossa auto-imagem e o nosso comportamento (Auto-realização das profecias; efeito de Pigmalião; efeito das expectativas afectam significativamente aquilo que os alunos aprendem; efeito das expectativas dos investigadores afectam o resultado dos seus estudos). Comportamo-nos em função das expectativas, tendo em conta o que os outros esperam de nós.
- As atitudes são, portanto, tendências relativamente estáveis para uma pessoa se comportar de determinado modo face a uma situação, objecto, grupo ou pessoa. Podem distinguir-se, nas atitudes, três componentes: cognitiva (conjunto de ideias, informação sobre um dado objecto social), afectiva (conjunto de emoções, sentimentos positivos ou negativos em relação ao objecto social) e comportamental (conjunto de reacções ou respostas face ao objecto social). As atitudes não nascem connosco. Formam-se e aprendem-se no processo de socialização. É através das observações, identificação e imitação de modelos (pais, professores, figuras dos meios de comunicação social, etc.) que se aprendem, que se formam as atitudes. Esta aprendizagem ocorre ao longo da vida, mas tem particular prevalência na infância e adolescência. Tal não significa que depois destas idades as atitudes não possam mudar, certas experiências vividas ou acontecimentos extraordinários podem conduzir à alteração das atitudes. Quando uma pessoa sustenta duas atitudes que se contradizem ocorre a dissonância cognitiva que é geradora de um sentimento desagradável. Por exemplo: “Eu fumo” e “Fumar provoca o cancro” Esta dissonância cognitiva, também pode ocorrer quando o nosso comportamento não está com a atitude relacionada. Esta seria uma das razões que explicariam a mudança de atitude. Uma forma de atenuar esta dissonância cognitiva é diminuir a importância dos argumentos dissonantes procurando aumentar a importância dos argumentos consonantes
- As representações sociais são um conjunto de explicações, crenças e ideias que são aceites por uma dada sociedade ou grupos sociais. É um saber partilhado, produto das interacções sociais, e que funciona como um regulador do comportamento. As representações sociais são características de uma determinada época, sociedade e cultura. Estas fazem parte do processo de interacção social, permitindo aos membros de um grupo social comunicarem e compreenderem-se. As representações sociais têm origem em dois processos: objectivação e ancoragem. O processo de objectivação corresponde a uma selecção dos elementos da informação disponíveis e em que elementos abstractos se objectivam em imagens concretas. Corresponde a um processo de simplificação. O processo de ancoragem corresponde ao enraizamento, à assimilação das imagens criadas pela objectivação da mentalidade colectiva. As novas representações juntam-se às anteriores, que o sujeito já possui, formando um todo que orienta o comportamento. De entre as várias funções das representações destacam-se: funções do saber (explicação e sentido da realidade), de orientação (guia dos comportamentos), função identitária (construir uma identidade social que possibilita o posicionamento face a outros grupos) e função de justificação (explicar e justificar as suas opiniões e comportamentos). Podemos concluir que as representações sociais dão sentido ao que pensamos, orientam e regulam o nosso comportamento.

-Seremos nós os construtores de realidade?

Parte de algumas realidades somos nós que construímos, outras não, nomeadamente as genéticas. As nossas realidades são construídas diariamente, estando por vezes limitadas, já que somos influenciados exteriormente por tudo o que nos rodeia (família, comunicação social, educação, cultura, etc.). As realidades são diferentes consoante a pessoa em causa, sendo que cada um tem o seu mundo incomunicável. O ser humano, apesar de tudo, é um construtor de significados. Não se limita a receber passivamente informações. Por exemplo, a representação é sempre representação de qualquer coisa. Ela exprime a relação de um sujeito com um objecto, relação que envolve uma acção de construção e de simbolização. O sujeito é autor e actor. A representação é expressão do sujeito, isto é, a representação não é o reflexo de um objecto, mas um produto do confronto da actividade mental de um sujeito e das relações complexas que mantém com o objecto. Assim, as representações sociais são produtoras de sentido e como tal factores de produção de realidade, influenciando a forma como o indivíduo interpreta os acontecimentos.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

As Crianças Selvagens



As Crianças Selvagens

Trabalho criativo de Célia Pereira e Mª. Antónia Dias
No âmbito da disciplina de Psicologia B-12 R da Escola Secundária de Miraflores – Nov. 2007

“Será preciso admitir que os homens não são homens fora do ambiente social, visto que aquilo que consideramos ser próprio deles, como o riso ou o sorriso, jamais ilumina o rosto das crianças isoladas.”
Lucien Malson, "Les Enfants Sauvages"


Aprendemos na disciplina de Psicologia que os factores do meio que conferem ao indivíduo características humanas são: a cultura; os padrões de cultura; a aculturação e a socialização. Assim, neste trabalho teremos como pano de fundo esta conceptualização estudada na cadeira.
As crianças selvagens são crianças que cresceram com contacto humano mínimo, ou mesmo nenhum. Podem ter sido criadas por animais (frequentemente lobos) ou, de alguma maneira, terem sobrevivido sozinhas. Normalmente, são perdidas, roubadas ou abandonadas na infância e, depois, anos mais tarde, descobertas, capturadas e recolhidas entre os humanos.
Os casos que se conhecem de crianças selvagens revestem-se de grande interesse científico. Elas constituem uma espécie de grau zero do desenvolvimento humano, ensinam-nos o que seríamos sem os outros, mostram de forma abrupta a fragilidade da nossa animalidade, revelam a raiz precária da nossa vida humana.
Em termos de linguagem, as crianças selvagens só conhecem a mímica e os sons animais, especialmente os das suas famílias de acolhimento. A sua capacidade para aprender uma língua no seu regresso à sociedade humana é muito variada. Algumas nunca aprendem a falar, outras aprendem algumas palavras, outras ainda aprenderam a falar correctamente o que provavelmente indicia que tinham aprendido a falar antes do isolamento.
Em termos de comportamento, as crianças selvagens exibem o comportamento social das suas famílias adoptivas. Não gostam em geral de usar roupa e alimentam-se, bebem e comem tal como um animal o faria. A maioria das crianças selvagens não gosta da companhia humana e percorrem longas distâncias para a evitar. Algumas crianças selvagens não mostram interesse algum noutras crianças da sua idade nem nos jogos que estas jogam. Na medida em que não gostam da companhia humana, procuram a companhia dos animais, particularmente dos animais semelhantes à espécie dos seus pais adoptivos. Ao mesmo tempo, também os animais reconhecem estas crianças, aproximando-se delas como não o fariam em relação a outros humanos.
As crianças selvagens não se riem ou choram, apesar de eventualmente poderem desenvolver alguma ligação afectiva. Manifestam pouco ou nenhum controlo emocional e, muitas vezes, têm ataques de raiva podendo então exibir uma força particular e um comportamento claramente selvagem. Algumas destas crianças têm ataques de ferocidade ocasionais, mordendo ou arranhando outros ou até eles mesmo. Até hoje foram encontradas diversas crianças selvagens, na maioria criadas por lobos mas também por muitos outros animais. Por exemplo, as irmãs Amala e Kamala de Midnapore, Isabel, a menina que vivia no galinheiro, mas o caso mais célebre é o de Victor de Aveyron, onde François Truffaut se inspirou para realizar um filme belíssimo.

VICTOR DE AVEYRON

Em Setembro de 1799 uma criança do sexo masculino de cerca de 12 anos de idade, foi encontrado perto da floresta de Aveyron, sul da França. Estava sozinha, sem roupa, não falava uma palavra. Aparentemente fora abandonado pelos pais e cresceu sozinha na floresta. A criança, a quem deram o nome de Victor, foi levada para Paris, onde ficou aos cuidados do médico Jean-Marc-Gaspar Itard.
Embora se pense que o menino selvagem tenha sido abandonado no bosque quando tinha quatro ou cinco anos, altura em que já deveria dispor de algumas ideias e palavras, em consequência do começo da sua educação, tudo isso se lhe apagou da memória devido a cerca de sete anos de isolamento. Quando foi capturado, andava como um quadrúpede, tinha hábitos anti-sociais, órgãos pouco flexíveis e a sensibilidade embotada, não falava, não se interessava por nada e a sua face não mostrava qualquer tipo de sensibilidade. Toda a sua existência se resumia a uma vida puramente animal.
Assim, o seu isolamento passado condicionou a sua aprendizagem futura que, além do mais, deveria ter sido realizada durante a sua infância (época em que o seu cérebro apresentaria mais plasticidade, existindo uma facilidade de aprendizagem, socialização e interiorização dos comportamentos característicos da sua cultura). Desta forma, o menino selvagem não só tinha que lutar contra o seu passado como contra a idade avançada para uma aprendizagem, muito provavelmente, sua desconhecida, sendo esta a razão porque, segundo Itard, “para ser julgado racionalmente, (o menino selvagem de Averyon) só pode ser comparado a ele próprio”.
O Homem na ocasião do nascimento é o ser que se mostra mais incapaz, condição necessária para os seus progressos posteriores, e a ideia de instintos que se desenvolvem por si só não corresponde à realidade humana. Nasce inacabado e depende de uma sociedade, de uma cultura. A superioridade moral, que muitos consideram ser natural nos seres humanos, não é mais do que um resultado da civilização, que contribui para a sua formação. Existe então, uma força imitativa destinada não só à educação dos órgãos como à aprendizagem da palavra, que é muito activa nos primeiros anos de vida, mas enfraquece rapidamente com o avançar da idade, com o isolamento e com todas as outras causas relacionadas com a sensibilidade nervosa.
Com a tentativa de integração do menino selvagem na sociedade, este, que anteriormente não estava “preso” por normas e deveres morais, perdeu o poder de escolher, pois, por sua vontade, voltaria para o bosque, razão pela qual tentou fugir inicialmente. Por outro lado, conseguiu, pouco a pouco, impor-se face à Natureza, ao instinto, adquirindo cultura e atingindo outra forma de liberdade, que concorre para a formação do Homem.
Ainda que a liberdade seja um factor que está subjacente às acções especificamente humanas, podemos concluir, tendo em conta todo este caso, que existem de facto condicionantes da acção humana. Em primeiro lugar, o menino selvagem, não obstante viver numa floresta, não tinha as mesmas capacidades físicas de outros animais, ou seja, os factores biológicos também afectaram as suas acções enquanto selvagem. Em segundo lugar, surgem os factores intelectuais, pelo facto do menino não ter competências nesse sentido, o que dificultou as suas acções na sua vivência em sociedade. Por exemplo, quando o Dr. Itard tentou transmitir algum conhecimento no âmbito das letras, aconteceram, por vezes, ataques de fúria, pelo facto destas serem muito abstractas.
Aprendeu também a desenvolver afectividade, o que foi considerado um grande progresso. À medida que esta afectividade se foi desenvolvendo entre o menino e o Dr. Itard ou a Mme. Guérin, a aprendizagem foi-se tornando mais fácil (note-se que os factores psicológicos são bastante influenciáveis). Por último, como já foi referido, os factores socioculturais também influenciam as nossas acções pois, ao estarmos inseridos numa sociedade, as nossas acções e comportamentos são influenciados por ela, como se verificou com a socialização do menino selvagem, que teve de se sujeitar a regras e a deveres morais.
Assim, as investigações e os registos sobre crianças selvagens, evidenciam que as interacções precoces com outros seres humanos são condição indispensável para o desenvolvimento das competências linguísticas, afectivas, cognitivas, sociais e culturais, o homem é um ser eminentemente social. O Homem deve à cultura a capacidade de ultrapassar os seus instintos, tendo, desta forma, o poder de optar, escolher qual o caminho que considera melhor, segundo os valores em que se apoia, depois de analisar, racionalmente, a realidade. Integração no meio cultural, que varia em função da sociedade a que pertence. O que nos torna reconhecidamente humanos depende de muito mais do que a nossa herança genética e biológica: é fundamental ter em conta as dimensões sociais e culturais para que possamos compreender os seres humanos e a forma como se comportam. Tornamo-nos humanos através da aprendizagem de formas partilhadas e reconhecíveis de ser e de nos comportarmos.

Bibliografia consultada:
Lucien Malson. Les enfants sauvages.
José Carlos Rocha e Gilberto da Silva. O menino selvagem e as invariantes do humano. Portes, a sua revista virtual.
Ana Sofia de Oliveira Marques da Silva. Crianças selvagens.