quinta-feira, 3 de março de 2011

PEDAGOGIA DO NÃO


As crianças precisam de uma consistência normativa. Precisam, saber que há formas de comportamento boas e más. Precisam, aprender o significado prático de conceitos como controlo, esforço, obediência, respeito, sacrifício, responsabilidade, renúncia e exigência. Não se podem entregar impunemente ao capricho, à comodidade, ao egoísmo, à libertinagem, à desobediência, ao descontrolo, à falta de respeito e à irresponsabilidade. Há que argumentar, mas não até à exaustão. E há que impor quando não querem entender. As pessoas têm direitos, é claro, porém existe o correlato inseparável dos deveres e das responsabilidades.

Assim escreveu, em tempos, Miguel Santos Guerra, na sua crónica semanal no periódico La Opinion de Málaga. E não podia ser mais oportuna esta reflexão e esta lembrança. De facto, é preciso saber dizer não. Dizer não ao incumprimento dos deveres e das regras, ao desleixo, ao desrespeito, à arrogância. Dizer não aos atrasos sistemáticos, à fala inoportuna, ao desafio petulante. Dizer não à provocação gratuita (porque não interpela e apenas insulta), ao ruído de fundo, ao alheamento.
Evidentemente que é muito difícil ensinar a quem não quer (nestes casos ensina-se, às vezes, o que se é). Evidentemente que não se pode obrigar a aprender a quem não quer. (O verbo aprender, como o verbo amar não se conjugam no imperativo). Mas tem de haver um quadro mínimo de regras que têm de ser cumpridas sob pena de ser impossível a comunicação e, no limite, o ofício docente.
Saber, pois, dizer não. Com firmeza e dedicação. De forma a que o outro possa perceber que esse não é uma preciosa oportunidade de crescimento e convivialidade. Estará talvez na hora de rever os projectos educativos. E de inscrever na teoria e nas práticas, nas paredes e nas consciências alguns destes fundamentais princípios educativos.

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