sexta-feira, 2 de abril de 2010

O PROFESSOR COMO TREINADOR


O Professor como Treinador e a Avaliação Criterial

Sabia que a melhor hora para aprender uma coisa nova é nas primeiras duas horas depois de acordar e nas últimas duas horas antes de se deitar? Sabia que destacar elementos-chave com cores aumenta a sua probabilidade de memorização em 25%?
Laura Erlauder estudou os últimos desenvolvimentos na investigação neurológica e aplicou-os ao ensino na sala de aula, numa abordagem simultaneamente científica e intuitiva. Empregando a sua experiência como professora e directora de escola, Erlauder resume as principais descobertas e mostra como os professores as podem utilizar na aula, abordando tópicos como:
- a utilização mais eficaz da aprendizagem cooperativa;
- métodos simples para reter a atenção dos alunos ao longo de toda a aula;
- pistas para envolver os alunos na tomada de decisões, de modo a aumentar o seu empenho e sucesso;
- guiões para tornar o conteúdo das aulas mais motivante para os alunos;
- indicações generalizadas para reduzir o stress na aula e na escola.
Cada capítulo fornece exemplos reais, mostrando como as descobertas recentes podem ser utilizadas para melhorar a aprendizagem dos alunos. As ideias e estratégias apresentadas provêm de uma grande variedade de níveis e disciplinas e podem ser utilizadas de imediato na aula para aumentar o sucesso dos alunos.
O ensino “à moda antiga” resumia-se a ensinar, ensinar e ensinar e no fim testar. Este processo determinaria se os alunos se lembravam do que o professor tinha definido como os elementos mais importantes da unidade de instrução. Nos meus tempos de aluna do ensino secundário, lembro-me de ter a sensação de que alguns professores ficavam no fundo da sala a rirem-se quando os alunos não se lembravam das palavras exactas para preencher os espaços em branco de um questionário. Tinha a noção de que os professores queriam pregar rasteiras aos alunos para estes falharem em vez de os orientarem para o sucesso. A “nova” forma de ensinar, ou a mais compatível com o cérebro, tem mais a ver com o papel de um treinador.

Pense no modo como age um treinador desportivo. Este diz aos jogadores o objectivo último: um golo, por exemplo. O treinador demonstra o que é um golo e quais são exactamente as jogadas ou estratégias mais eficazes para os ajudar a conseguir atingir esse objectivo. Ele(a) dá assistência aos jogadores, quer como equipa quer individualmente, segundo uma variedade de métodos para aprenderem e desempenharem essas jogadas. O treinador providencia tempo, recursos, incentivos, modelos das competências necessárias, exercícios práticos e até mesmo claques para ajudar os alunos a aprender as competências necessárias que lhes permitam atingir os seus objectivos. Se a equipa não faz o golo, como esperado, o treinador volta ao quadro de esquemas para descobrir novas e melhores formas de os jogadores atingirem o sucesso.

Agora pense de que forma poderá um professor agir como um treinador na sala de aula. Especifique o objectivo final para os alunos; não faça disso segredo. Revele quais as avaliações exactas que serão levadas a cabo durante a unidade. Proporcione-lhes tempo, recursos, incentivos, modelos e exercícios práticos enquanto age como a sua claque e treinador. Se um aluno apresenta problemas ofereça-lhe formas alternativas de instrução até que tenha compreendido o conceito ou competência. Em seguida, se a avaliação final revelar que o objectivo último da aprendizagem não foi alcançado ao nível desejado, volte ao quadro de esquemas e descubra formas novas e melhores de ajudar os alunos a terem êxito.
Talvez a melhor forma de um professor poder treinar os alunos para um alto desempenho seja através da utilização de critérios. Uma lista de critérios é normalmente um quadro de especificações utilizado pelos alunos como um esforço e guia para o trabalho. A mesma lista é consequentemente utilizada pelo professor como um guia de pontuação para os produtos ou os desempenhos dos alunos. Permite aos professores, alunos e pais conhecerem de antemão o que significa, por exemplo, “excelente” ou “bom” ou “suficiente”ou “fraco” e os detalhes de como atingir cada nível.
As melhores listas de critérios guiam o trabalho dos alunos e a sua avaliação através do critério do produto e do processo. As listas de critérios dão aos alunos expectativas claras de como atingir variados níveis de sucesso (quase como uma “cábula” do que fazer exactamente). Ficamos a saber no Capítulo 2 que estabelecer expectativas académicas claras para os alunos é uma forma de aliviar o stress. A implementação de listas de critérios é um exemplo perfeito disso. Antes de começarem a fazer o seu trabalho, deve dar-se aos alunos, exemplares de trabalhos de cada nível de desempenho e as listas de critérios que pontuarão por último os seus produtos finais.

Tal como um treinador de futebol mostra vídeos de jogadas eficazes e ineficazes, os professores devem mostrar ou apresentar modelos de cada nível de realização definidos na lista de critérios. Autorize que o aluno escolha o nível de desempenho para o qual deseja trabalhar, não deixando lugar a qualquer confusão para os alunos (ou possíveis desculpas)! Finalmente, as listas de critérios dão aos professores uma forma específica e justa de avaliação e feedback para os alunos e também um dispositivo de comunicação com os pais. É muito fácil para um aluno ou um pai contestar uma nota quando essa é apenas a única que é atribuída ao produto final. É muito fácil para um professor defender uma nota de avaliação – se alguma vez se encontrar sob escrutínio – quando este pode exibir, lado a lado, o produto final e a lista de critérios, particularmente, quando o aluno recebeu a lista e os exemplares antes de iniciar o seu trabalho.

Práticas Pedagógicas Compatíveis com o Cérebro
de Laura Erlauder

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