terça-feira, 20 de abril de 2010

ACERCA DA PACIÊNCIA


Se convidarem as pessoas para dizerem o que lhes vier à cabeça sobre a paciência, obterão respostas do tipo: «Uma mulher resignada, um boi, uma pessoa de idade que deixa passar o tempo». Por outro lado, a impaciência: «Um jovem activo, um chefe que dá ordens de forma arrogante, uma mulher bela e caprichosa». Há portanto muita gente que considera a paciência e a impaciência duas qualidades inatas, como a cor dos olhos ou o comprimento do nariz. Alguns vangloriam-se até da impaciência do marido ou da mulher. «Não consegue estar quieta um momento, não suporta demoras», dizem, como se fosse uma demonstração de vivacidade intelectual ou força de carácter.
Estou, no entanto, convencido que a paciência é uma virtude fundamental. E, para começar, não é realmente inata. A paciência aprende-se, constrói-se com o exercício pertinaz da vontade. A criança é impaciente. Quando tem fome, chora, se a mãe não está, fica desesperada. O adolescente é impaciente, para ele é um castigo estar fechado umas horas na escola. Mas também a criança, também o jovem, se quiserem conseguir alguma coisa num desporto, do futebol à pesca, têm de começar por disciplinar os seus impulsos. Têm de aprender a estar quietos, atentos, e depois explodir quando for o momento, nem antes, nem depois. Têm de repetir pacientemente centenas de vezes o mesmo gesto para o aperfeiçoarem.
Francesco Alberoni, O optimismo

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