sábado, 28 de novembro de 2009

PEGADOGIA DO FASCÍNIO


A volta às histórias é uma das novidades
que a moderna psicologia mais
recomenda para a formação pessoal dos
alunos. É que as histórias, como as parábolas,
os enigmas e os símbolos, dirigem-
se à área mais reflexiva da pessoa,
onde o afecto e o conhecimento se unem,
para nos fazer desejar, admirar e sonhar.
Virão depois as razões para confirmar e
universalizar, mas, entretanto, já nos deixámos
fascinar.
Pedro da Cunha

Unir o afecto ao conhecimento. Ligar a
emoção à razão. Assumir que não há
saber sem sabor. Fazer de cada lição
uma estória. Saber o erro de Descartes.
Fazer de cada aula – ou mais sensatamente,
de algumas aulas – uma aventura.
Articular os saberes disciplinares. Unir
o dentro ao fora. Valorizar as falas e os
silêncios (que falam). Escutar. Adivinhar.
Contemplar.
Ligar a existência à essência. Combinar o
trabalho com o lazer, o rigor e a exigência
com a distensão. Mobilizar o corpo e a
mente. Imprimir movimento e cuidar da
pausa. Criar a suspensão e o enigma.
Federar vontades e recursos. Valorizar
a pessoa mas não esquecer a importância
do grupo e da equipa. Mobilizar
experiências, energias. Organizar jogos
de soma positiva (em que todos possam
ganhar) e prescindir dos exercícios
da soma nula em que o que um ganha
o outro necessariamente perde. Valorizar.
Estimular. Sorrir.
Lançar as bases de uma pedagogia da
fascinação. Porque parece que caminhamos
tristes e sombrios não sabemos
bem para onde. Porque é preciso resistir
à tentação tecnocrática. Porque é
preciso ter presente a multidimensionalidade
da pessoa humana. Porque é
preciso redescobrir o coração da escola.

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