domingo, 8 de novembro de 2009

ANTÓNIO DAMÁSIO E AS EMOÇÕES


A emoção é um programa complexo, diz Damásio

Sem as descobertas de António Damásio, as teorias da Inteligência Emocional e das Inteligências Múltiplas, não teriam, tão cedo, visto a luz do dia e iluminado os caminhos do nosso interior.
Na conferência "A neurobiologia das emoções numa perspectiva actual", promovida pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), em 2005, procurou responder a três questões: "O que é a emoção?", "O que são os sentimentos?" e "Como é que sentimos uma emoção".
Falando para cerca de 500 pessoas, entre alunos, professores e investigadores, sobretudo das áreas da neurobiologia e comportamento humano, António Damásio apresentou as suas teorias em torno de uma "pergunta central que fez há muitos anos" sobre o que é a emoção. Para o investigador e professor da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos da América - país onde se radicou -, a emoção é "essencialmente um programa de estratégias activas e cognitivas".
Segundo António Damásio, a emoção desencadeada por determinado estímulo dá origem a "um programa de acções", diferentes conforme o tipo de emoção, que provocam alterações rosto, no corpo ou no sistema endócrino (estratégias activas). O corar de um rosto, a tensão muscular, o aumento do ritmo cardíaco, ou o aumento da secreção de determinada hormona, são exemplos dessas alterações fisiológicas.
Contudo, falar da emoção apenas como um programa de acções é restrito demais, considera o especialista, sustentando que existem também as estratégias cognitivas, "certos estados mentais que fazem parte do programa completo de acções". Como exemplo, o neurobiologista referiu que "a tristeza obriga a certa estratégia cognitiva": num estado de tristeza, uma pessoa não pensa num jantar agradável e divertido, mas é capaz de pensar na morte.
"É sabido que é difícil uma atenção focalizada em momentos de extrema tristeza ou que durante emoções de medo pode haver uma capacidade de aprendizagem aumentada", disse. Mas a questão da emoção é ainda mais complexa, porque as emoções (esses programas de acções) são desencadeadas por determinados estímulos que não têm obrigatoriamente o mesmo efeito em pessoas diferentes.
Os estímulos podem ser objectos ou situações, actuais ou existentes na mente, e alguns são evolucionais e outros são aprendidos individualmente. "Situações que causem medo ou compaixão são muito antigas e são colocadas em nós pela evolução, estão nos genomas", por isso são evolucionais, explicou António Damásio.
"Mas se o estímulo que desencadeia emoções é uma determinada pessoa que nada tenha a ver com a História ou evolução, mas com aspectos de aprendizagem que tenham só a ver connosco", está-se perante um estímulo individual, acrescentou.

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