sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

CLIMAS DE ESCOLA


Com esta metáfora, quero sublinhar uma invariável sistematicamente referida pela investigação como um factor fundamental para a melhoria dos processos e dos resultados educativos (e seria bom acabar com a política do pêndulo que ora acentua os processos ora se centra apenas nos resultados) - há até circunstâncias, não infrequentes, em que os processos são os resultados.

Para que a escola situada e concreta produza melhores resultados através de melhores processos individuais, colectivos e organizacionais, precisa de possuir um ambiente, uma atmosfera, um
ethos, marcado pelas seguintes características:

i) uma acção marcada pela cooperação e entreajuda. Dada a complexidade do acto educativo, este só terá condições de êxito se se gerarem dinâmicas de entreajuda, compensação, solidariedade não só entre docentes (aspecto fundamental), mas também entre estes e os alunos e os pais - aspecto muitas vezes imprescindíveis.
ii) uma acção marcada pela confiança e boa fé. Uma comunidade de aprendizagem só se constrói nesta base (que é, aliás, a condição da cooperação e da entreajuda).
iii) uma acção serena e pacificada mas marcada por altos níveis de exigência para todos (pais, alunos e professores). E estes atributos só são passíveis de existir num quadro de securização, de bem-estar subjectivo e objectivo, de condições objectivas de trabalho, de reconhecimento, estímulo e apoio.
iv) uma acção guiada pela ideia de perfectibilidade que admite o erro, por uma pressão positiva, por apoio de rectaguarda, por uma espécie de provedoria de alunos e professores que zele pelas práticas de equidade, justiça e justeza.
v) uma acção responsável por educação de qualidade aos alunos (a cada aluno) e às famílias, pois a razão de ser da escola passa essencialmente por esta postura persistente e humilde de serviço à comunidade.
Uma acção guiada pelos dispositivos de escuta do outro, da compaixão, da empatia, e da alegria de ensinar. Por espaços e tempos que permitam o encontro que gera o conhecimento e a confiança, a prática de invenção e de experimentação de novas abordagens educativas.

Eis alguns caminhos que todos temos de procurar seguir (e exigir), se quisermos ser cidadãos (e não vassalos), se quisermos ser profissionais (e não funcionários às ordens superiores).

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