domingo, 21 de setembro de 2008

Perguntas para a Psicologia


Quem somos nós? O que somos? Qual a nossa origem? Como funcionamos? Como se explicam os nossos comportamentos, que nem sempre mostram ser os mais adequados? Porque temos determinadas reacções psicofisiológicas? Como se explicam as variações no nosso sentido de humor? Se temos uma individualidade própria, porque nos parecemos com os nossos ascendentes? Porque nos relacionamos tão bem com algumas pessoas e temos dificuldades com outras, em o fazer? Se amamos os nossos familiares, porque entramos em conflito com eles? Qual a razão de ser dos nossos preconceitos? Porque é que algumas pessoas não compreendem noções teóricas e se saem tão bem a resolver problemas práticos? O que é a nossa inteligência? Em que medida é que o pensamento se deixa afectar por emoções fortes? Pensamento e emoção serão realidades opostas, ou o pensamento comportará forte componente emocional? O que determina as nossas escolhas? A personalidade será estável, ou será uma estrutura afectada por mudanças ligadas ao tempo e às circunstâncias?

Ao longo do nosso curso de Psicologia B vamos procurar encontrar respostas para todas estas interrogações, ou pelo menos algumas delas e outras que nos inquietam.

"Freud salvou-me", recorda a última paciente viva do pai da Psicanálise

Aos 88 anos, a escultora vienense Margarethe Walter tem ainda intacta a memória do homem que lhe "salvou a vida", em 1936. Na altura ela tinha 18 anos, sofria de bronquite e, sobretudo, de um "grande mal da alma". O médico decidiu mandá- -la então ao especialista mais famoso - e polémico - da época, que tinha o consultório no 19 da Rua Berggasse, em Viena. O especialista chamava-se Sigmund Freud, e "curou-a" em 45 minutos.
Margarethe é a última paciente ainda viva do "pai da psicanálise" e acedeu agora pela primeira vez a contar publicamente a sua história ao semanário alemão Die Zeit, que a procurou e entrevistou. Uma forma original de comemorar os 150 anos do nascimento de Freud.
"Sigmund Freud foi a única pessoa que verdadeiramente me escutou", garante a escultora, que vivia subjugada por um pai autoritário. "Freud é a chave da minha vida. (...) Abriu em mim uma porta que ninguém tinha querido abrir antes", conta Margarethe ao Die Zeit, sublinhando ter "saboreado tudo" o que Freud lhe transmitiu. " Essa fonte de alimentação da alma nunca se esgotou em 70 anos. Salvou-me a vida."
Nesse ano de 1936 do século passado, Freud estava já na recta final da sua vida. Morreria três anos depois, já no exílio, em Londres, logo após o início da II Guerra Mundial.
Para trás ficava uma vida de trabalho original sobre a mente humana, que o médico de Viena foi sempre reelaborando e transformando, e que acabou por revolucionar a história do pensamento, repercutindo-se até hoje nas ciências, nas artes e na cultura.
Da linguagem comum à literatura, das manifestações artísticas às correntes filosóficas, os conceitos psicanalíticos são hoje indissociáveis da cultura ocidental, ainda que muitos dos seus agentes o rejeitem com fúria, ou o senso comum lhes deturpe o significado, ao sabor dos pequenos conflitos quotidianos.
Mas, nesse ano distante de 1936, Margarethe Walter ainda não podia saber nada disto. Sabia, isso sim, que se sentia só, "muito oprimida, fechada e certamente não amada". Vivia então com o pai, "muito autoritário", de quem era "completamente dependente".
O seu encontro com Freud, embora curto, foi libertador. Margerethe recorda "um homem muito velho, mas cheio de força". Tinha "uma pequena barba branca, um fato cinzento e estava um pouco curvado".
O relato da escultora prossegue, sempre vívido. "Olhou-me de frente nos olhos, profundamente." Depois encorajou-a a desligar-se do pai, que a acompanhava nessa consulta, e a quem ele próprio pediu na ocasião para "sair da sala". Freud disse então as palavras mágicas, segundo a sua última paciente viva: "Para se chegar a adulto é preciso atender aos desejos, alimentar a contradição, colocar a questão do 'porquê', não aceitar tudo em silêncio". A julgar pela memória que guarda desse encontro decisivo, Margarethe deve ter seguido o conselho. Mas não conta como o fez.